Desde os primeiros dias da chegada de Dom Bosco em Turim, chamou-lhe a atenção o desagradável espetáculo de tantos meninos abandonados pelas ruas, particularmente nos dias festivos. Na ociosidade, viciando-se, corrompendo-se em atos e palavras, aprendendo a fazer o mal, não tinham ninguém que se ocupasse deles a não ser os guardas que, de vezem quando, levavam algum deles para a casa de correção.
Depois, em suas tristes peregrinações por cárceres, casas de detenção, hospitais, pelos tugúrios dos quarteirões mais pobres, ele teve que ver tantos jovens reduzidos a um estado tão deplorável porque ninguém se interessara por lhes ensinar os deveres do cristão, que, afinal, são apenas os de viver com honestidade e decoro. Ninguém que cuidara de conduzi-los a Deus, de afasta-los e preservá-los dos escândalos e dos contatos pouco sadios; por isso tinham aprendido o vício que os arrastava à prisão ou os condenava a definharem precocemente e fazia deles perigo e desonra para a sociedade.
Na manhã do dia 8 de dezembro daquele ano de 1841, festa da Imaculada Conceição, Dom Bosco descera à sacristia de S. Francisco de Assis e se preparava para a missa. Ninguém se apresentou para ajudá-la. Mas lá num canto estava um rapazinho com seus catorze anos, meio desengonçado e com o ar atônito de caipira que chega na cidade. O sacristão, com palavras bruscas, chama-lhe a atenção e quer que ajude à missa. O rapazola responde que não sabe. "Se você não sabe ajudar à missa, grita-lhe o sacristão, que vem fazer aqui na sacristia? Vá-se embora!"
E porque o rapaz, aturdido, não se move, ele, enfurecido, investe sobre ele com pontapés, pancadas e injúrias e o expulsa dali.
reza e histórias da bíblia.
Por três anos, até 1844, aquilo que ele chamou com o nome característico de Oratório permaneceu em S. Francisco de Assis, protegido pelo Pe. Guala e pelo Pe. Cafasso. O primeiro núcleo transformara-se numa multidão de quase duzentos meninos. Surgia a necessidade de um local mais amplo e em condições mais favoráveis para entreter com os brinquedos e com outras atividades todos aqueles meninos, uma vez que a pracinha pública e a mesma igreja se demonstravam cada vez menos indicadas para tal escopo. Entretanto o jovem padre acabava seus estudos e de vários lados surgiam-lhe propostas vantajosas de emprego.
Pe. Cafasso foi então, para Dom Bosco, a voz de Deus e a mão da Providência divina. Mais uma vez lhe esclareceu as dúvidas e hesitações. Quis que se transferisse para o pequeno hospital anexo ao Refúgio que a Marquesa Barolo fundara em Valdocco, onde, coadjuvando o valoroso e bondoso teólogo Borel, o qual se transformou num dos mais preciosos amigos e colaboradores seus, ele conseguiria alguma ajuda e, entrementes, algum espaço para seus meninos. Renovou-se então, como já falei, o profético sonho.
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